A diferença de mentalidade entre quem joga para ganhar e quem joga para não perder
Tópicos
- Introdução
- A motivação e a postura
- O foco
- A consistência
Introdução
Todo dia possui 24 horas. Porém, se você perguntar a um trabalhador formal (CLT) que faça seu trabalho de segunda a sexta se há diferenças entre segunda e sexta-feira ele te oferecerá uma lista. Se ele trabalha a mesma quantidade de tempo todos os dias por que não são iguais?
Isso é fácil de responder. Para todo ciclo, no caso aqui a semana, o início é sempre mais difícil. E há dificuldade porque geralmente as pessoas estão mau humoradas pelo fato da semana estar iniciando e elas terem que voltar a mesma vida. Em muitos casos, fazem apenas por obrigação. Logo, embora o dia tenha 24 horas, o comportamento é diferente em cada um deles.
Entender diferenças de comportamento é uma boa para quem deseja progredir. Se você for um desses trabalhadores, provavelmente não bate a porta do seu chefe para pedir aumento quando um problema gigantesco acontece e ele está mau humorado? Esse tipo de percepção as vezes é uma questão de sobrevivência.
A mentalidade é uma dos tópicos abordados aqui. Eu não coloquei mindset no título porque o termo está muito banalizado. E, embora seja um termo banal, a aplicação nesse contexto é válida e muito útil. Isso serve para entender porque duas situações que parecem semelhantes não são tão iguais assim. Jogar para ganhar é muito diferente de jogar para não perder. Veremos essas diferenças em detalhes.
A motivação e a postura
A motivação será o assunto da vez. Vou utilizar um outro artigo que escrevi sobre o 75HARD como exemplo. Executar e terminar um 75HARD exige que você foque no objetivo. Devido ao fato do 75HARD exigir que se tire uma foto de progresso diário, as pessoas entram desfocadas em relação ao que precisa ser feito e focam em outras coisas. O foco geralmente vai para o emagrecimento e nos resultados estéticos quando deveria estar na conclusão da tarefa. É uma armadilha fatal para quem inicia o processo por um quesito: errou… de volta ao dia 1.
Entender quais são os desafios que a vida nos oferece é uma arte. Saber exatamente o que se deseja é um ato de honestidade muito profunda que deve ser fornecida por um autoconhecimento em aprimoramento constante. Ao vermos lá fora coisas que queremos para nós mesmos, tendemos a nos iludir acreditando ser possível ir tocando as coisas sem muito esforço. Segundo Platão, em seu livro “O Banquete”, nos sentimos atraídos pelas coisas que nos faltam. Esta é a visão de quem joga para não perder. Não entra pelos motivos certos, entra somente pelos ganhos aparentes e resultados. Se eles demoram a aparecer, a semente da dúvida se desenvolve. Algo simples passa a ser executado sob condições nada simples.
Em contrapartida, quem joga para ganhar foca na missão. Eu tenho um mentor que diz que feito é melhor que perfeito. Quando você olha os primeiros resultados de quem foca na missão eles parecem vergonhosos. São pequenos horríveis, mas honestos. Se você nunca teve vergonha de algum resultado de uma atividade que teve que fazer apenas por compromisso com a conclusão, você ainda é um moleque!
A técnica e os detalhes são importantes. Mas a postura vem antes. E nenhuma técnica, por mais perfeita que seja, corrige problemas de postura. Jogar pra ganhar é caminhar até o objetivo. E isso vem muito antes da técnica. É uma questão de atitude.
O Foco
O foco é uma das principais diferenças pelo seguinte motivo: ser focado exige a escolha de prioridades. O foco elimina o desperdício. Enquanto num lado a prioridade está relacionada com aspectos e resultados derivados, o outro lado está preocupado com o objetivo. Os resultados são consequências. E sim, eles são esperados.
Frases como: ah… não é só pelo dinheiro? Não são clichês. É obvio que o dinheiro tem um grau de importância quando falamos de trabalho. Mas há outros aspectos pelos quais as coisas são direcionadas. Existe antes a causa primeira da qual o dinheiro é consequência.
O ruim de enxergar apenas resultados e não enxergar a causa primeira é ser orientado a resultados ao invés de ser orientado a objetivos. Isso distorce o foco e causa falhas de alinhamento no caminho. A escala de pesos e valores atribuído a cada requisito é falha. Quando citei o 75HARD no começo: focar em emagrecer ou em pegar pesado e não em concluir o desafio é o que faz a maioria das falharem. Elas não escolhem o simples. Elas escolhem o “delas”, geralmente motivadas por vaidade. E também querem diminuir o tempo de resultados ao invés de respeitarem o tempo mais longo onde os resultados certamente virão.
É necessário uma certa dose de humildade para ter foco. É aqui que muita gente perde paciência porque preferem trabalhar em um prazo mais curto que o original. O que acontece quando você abre muito a mão do foco é colocar os resultados em um risco muito acentuado.
A consistência
A consistência tem um resultado direto na formação de novas habilidades. Exige uma repetição contínua e um compromisso. A contrapartida da consistência é a interferência. E digo que esse é um tópico muito importante porque a maioria dos grandes resultados são frutos de um trabalho contínuo. Você não nasce, se torna através da construção diária de um objetivo.
A principal diferença na consistência entre os dois tipos reside na adaptação aos erros e desvios do caminho. Enquanto quem joga pra ganhar mira diretamente o objetivo e se corrige de acordo com ele, as pessoas que jogam para não perder miram os pares e se comparam em relação a eles. Isso é um problema. Se todo mundo falhar provavelmente essa pessoa encontrará uma desculpa para não prosseguir. Ainda sim, caso se compare com alguém num nível muito acima ou muito abaixo o desalinhamento de performance a atinge de forma inexpugnável. Ou seja, ela se importa com a opinião dos outros. Esse tipo de conduta assassina lentamente os resultados.
Trabalhar o emocional dia a dia nos torna uma espécie de herói cotidiano. Muitas pessoas enxergam o tédio em realizar uma mesma atividade de melhora contínua. O que elas não veem é que o esforço está exatamente aqui e que a consistência é um elemento tão importante na formação e construção de objetivos que perderia toda a graça se fosse diferente.
Conclusão
Não existe um tipo único constante. Existem atitudes perante a vida. Não é muito claro se você entra pra ganhar ou não perder. Assim como existe uma diferença de consistência ao fazer uma vez e cem vezes, quem joga o jogo da vida está em constante mudança. Um dia você joga para não perder, se corrige, e joga para ganhar. O mais importante é entender que um dia não define sua atitude. Ela é formada e construída.
Passe a jogar para ganhar.