A filosofia e a psicologia positiva — Parte III — As forças de caráter — Bravura

O filósofo
3 min readJun 19, 2023

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A flor é o símbolo da psicologia positiva

Tópicos

  • Introdução
  • Etimologia
  • Bravura
  • Conclusão

Série

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Introdução

A Bravura é uma força de caráter da coragem. De acordo com o teste da psicologia positiva aqui está a descrição da bravura:

És uma pessoa corajosa que não se deixa intimidar com ameaças, desafios, dificuldades ou sofrimento. Defendes o que está certo, mesmo que os outros não concordem. Ages de acordo com as tuas convicções.

Etimologia

De acordo com o dicionário Aurélio, a bravura vem do latim barbaru, que quer dizer selvagem. Outras fontes indicam que vem do italiano “bravo” que quer dizer atrevido, audacioso, bravo. Com relação a isso também chegaremos ao radical latino barbaru. O problema é que essa conotação, a palavra bárbaro em português, adquiriu esse contexto pelas invasões que culminaram com a queda do império romano do ocidente em 453. O latim barbaru foi incorporado do grego barbarus que quer dizer estrangeiro. Assim como gaijin em japonês.

Como costumes são diferentes em outras culturas, geralmente as mais fechadas reprovam costumes de outros povos como sendo classificados de incultos e às vezes até cruéis. É de se esperar que bárbaro adquira essa conotação. Os vândalos foram um dos povos bárbaros. Quando se chama alguém de vândalo faz-se alusão não ao povo bárbaro em si, mas a forma como eles agiam na época. Pelo fato de destruírem tudo por onde passavam, a designação ficou.

O fato de bravo ter esse significado em latim e grego, podem existir outras derivações de línguas não romanas e gregas. Abaixo existe interpretações em relação à outros radicais, incluindo línguas não greco-latinas:

alemão brav: «excelente», «honesto», «bom, bem-comportado»

bretão brav: «bonito»

castelhano bravo: «corajoso», «excelente», «feroz»

catalão brau (feminino brava): «valente, batalhador», «excelente», «feroz, selvagem»

francês brave: «corajoso», «bom, generoso»

inglês brave: «corajoso»

italiano bravo: «bom, bem comportado», «capaz, habilidoso», «obediente»

romeno brav: «corajoso»

russo бравый (brávyj): «ousado, arrojado»

Parece não existir um consenso sobre como a palavra evoluiu de um mau significado para a força de caráter que possuímos hoje. Mas há interpretações em relação ao caráter belicoso das pessoas estrangeiras ao império romano. A intrepidez da luta e a dedicação parecem ter substituído as virtudes do exército romano à época. Podemos inferir que os bárbaros não eram tão repugnantes quanto os livros de história dizem, mas a história é escrita com base em interesses. Porém, isso é apenas uma especulação.

Bravura

Quando nos faltam induções etimológicas nos resta apenas a interpretação desta força pelo aprofundamento da descrição.

És uma pessoa corajosa que não se deixa intimidar com ameaças, desafios, dificuldades ou sofrimento.”

Aqui está uma questão da parte combativa da bravura. A intimidação é um fator que pode ponderar um combate e implicar em inação. A ausência da intimidação pode levar também a impulsividade. Ameaças, desafios, dificuldades e sofrimento são riscos inerentes a ação e a falta dela. Para fins didáticos, a inação será considerada uma ação onde não fazemos absolutamente nada. Ou seja, só existe a ação nesse contexto. Não agir também será uma ação por escolha.

Defendes o que está certo, mesmo que os outros não concordem.”

A questão de valores, que daria um outro artigo, é profunda na bravura. A certeza, na sua manifestação, é extremamente passível de interpretação. Talvez por isso, a concórdia entre em pauta. Há uma ação independente de concordância. Outra palavra que pode designar esse tipo de ação é teimosia.

Ages de acordo com as suas convicções”.

Isso é como todas as pessoas supostamente deveriam agir. Há, porém, um grande abismo, principalmente na parte da concórdia, no fato de que as nossas convicções estarem diretamente alinhadas com as leis naturais. É nesse momento que pode brotar a ação resultante da impulsividade e de uma convicção errônea. E nesse sentido, se faz mau uso da força.

Conclusão

Chegamos ao fim da análise da bravura como uma força de caráter. O próximo artigo será sobre a vitalidade.

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Filosofia, matemática e ciência da computação

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