O ético e o estético — Carta III

O filósofo
3 min readMar 16, 2023

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Salve Man!

Desde a última vez que nos encontramos você me desafiou a colocar as coisas de forma mais clara quando falei sobre estética e ética. Acredito que tenha encontrado uma forma de abordar esse assunto de maneira simples. Vou utilizar, a princípio, uma abordagem que você gosta: a dos neoplatônicos.

De acordo com Plotino há dois tipos de amor e que reflete em duas deusas: a Vênus Pandemus e a Vênus Urânia. Uma é filha da deusa da necessidade (Pênia) outra é filha de Poros, a abundância. Por que a beleza e o amor estão divididos em dois?

Utilizamos a palavra beleza para falar de uma beleza física quanto uma beleza que é subjetiva. O fato de utilizarmos a mesma palavra torna as coisas confusas em termos de interpretação. Há muitas palavras que possuem várias interpretações. Isso confunde que está começando. Principalmente porque temos que atribuir um valor distinguindo uma de outra.

O fato é que muitas coisas que consideramos belo, seja no sentido visual ou auditivo, participam de uma ideia de beleza. Isso pode parecer um pouco fora da realidade, mas eu acredito que possa esclarecer melhor.

Essa é uma princesa da dinastia persa. E ela era um símbolo de beleza para a época! Isso é totalmente diferente da ideia que temos de beleza hoje. Serve para entender que a ideia de beleza é o que determina no mundo material o que entendemos por isso. Por isso a beleza material é um reflexo da ideia de beleza.

A estética, assim como a beleza, participa da ideia de estética. Podemos falar em simetria e em várias outras designações, mas o fato é que quanto mais longe da ideia, mais afastada da coerência ela está.

Na nossa escola temos os universais, onde tudo procede de uma unidade. E a aplicação prática desses universais no mundo material são as virtudes. Man… um estóico que não busca a virtude é como um policial que rouba. Ele é indigno e desonrado. Por isso é muito mais importante a aplicação de uma única virtude do que o “conhecimento” de várias.

É comum as pessoas chamarem a filosofia de intelectualismo barato. E isso se dá pelo fato de muitas escolas de filosofia esquecerem que elas participam do mundo. A ausência de compromisso com as pessoas se traduz em algo incompreensível e repulsivo. E é aqui que entra a ética.

Quem não pratica àquilo que acredita não busca a sabedoria. Outra coisa é crer que o conhecimento é um monte de informações que alguém captou num livro, ou em vários deles, e compilou para usufruir de uma soberba intelectual. Se assim fosse, qualquer pessoa poderia ser considerada filósofo, bastaria ler. Mas a realidade é muito mais difícil: é necessário aplicar esse conhecimento. O conhecimento, à moda antiga, é um conjunto de pensamentos, sentimentos e atos. Essa é a ideia de ética Man.

Enquanto a ética é parte uma busca firme pela sabedoria, a estética se encontra na aplicação direta da virtude.

Paz e Bem

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