Sobre as orações — Carta II

O filósofo
2 min readMar 15, 2023

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Salve Man!

Você tem me questionado sobre o que são orações e o lastro desse tipo de prática. Acho o seu questionamento bem válido, visto que este é um tópico mais sensível e que tem pendido para o lado da alienação quando aliado as práticas atuais. Meu objetivo é que, com estas linhas, esclareça os seus questionamentos.

Oração por si só, na sua etimologia, significa discursar. Esse significado é muito amplo para o nosso contexto. Discursamos para quem? No sentido ao qual eu quero lhe explicar: a nós mesmos. Tomemos o sentido religioso, no real significado da palavra, que é ligar novamente a nossa essência. Nesse contexto, a oração direciona-nos a nossa parte mais nobre. Por que, então, o significado da oração está tão banalizado ou descredibilizado?

Num primeiro momento porque a transmissão da prática começa de forma errônea. Seja em repetir palavras sem sentido profundo para o praticante, seja em querer atribuir causas externas e materiais a um tipo de prática que não tange a isso. Assim como você não planta uma bananeira esperando que dê abacate ou tomates, não se deve fazer orações visando sempre algo externo. A oração é uma prática de autoconhecimento. Quem deve mudar é você! Você não muda causas externas com uma oração! Na prática abre-se canais de percepção com uma elevação de sentimentos e num estado posterior, a contemplação. Com relação a contemplação, uma fonte de consulta é a escola Neoplatônica. Eles explicam isso com excelência.

Na nossa escola o fim da oração é mais prático. A oração deve ser simples e direta, como explica o Imperador Marco Aurélio. Nesse ponto há uma certa lógica, por que você teria muitos passos para conectar consigo mesmo? Esse é o motivo delas permanecerem simples.

Outro ponto de destaque é que a oração é uma ação. Você também pode fazer uma oração com as mãos. O trabalho bem feito é uma forma de elevação e de conexão Man! Há relatos de pessoas que participam de um estado de fruição simplesmente fazendo um trabalho pelo qual empenham esforço, dedicação e maestria. A oração, quando feita com honestidade, muda a forma como as pessoas agem. Há uma participação no todo, uma real força de propósito. E isso é o como se faz. Existe uma diferença abismal entre quem alcança esse estado e quem nunca alcançou.

Devemos buscar nos elevar para atingir outros níveis de percepção e conhecimento. A oração é uma destas práticas. A prática da gratidão tem o mesmo objetivo: enxergar valor nas coisas as quais somos gratos. A repetição das práticas sem consciência conduz a banalização. Tudo está relacionado a consciência.

Espero ter esclarecido suas dúvidas,

Paz e Bem

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